terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Os dois monges

Há uma história sobre dois monges no Japão. Andando um dia debaixo de uma chuva forte num caminho coberto de lama, encontraram uma moça bonita num vestido de seda, sem meios para atravessar um riacho. - "Venha comigo" disse Tansan. Ele a levantou nos braços e atravessou o riacho, deixando ela do outro lado. Ekido, o outro monge, não disse nada até aquela noite quando eles chegaram no templo. Aí, ele não consegiu se controlar mais. - "Nós monges não nos aproximamos das mulheres." ele disse a Tansan. "Especialmente quando elas são jovens e bonitas. É perigoso! Por que você fez isso?" - "Eu fiz para ajudar," explicou Tansan. "E, eu deixei ela lá, à beira do riacho. Você ainda está a carregando?" Quantos pecados de outros nós ainda carregamos? - Autor desconhecido

domingo, 8 de dezembro de 2013

A Bíblia emparedada

Há mais de 150 anos, quando ainda não existia o túnel de São Gotardo, os que se dirigiam à Suíça procedentes da Itália, ou vice-versa, tinham de transpor o desfiladeiro do mesmo nome a pé, o que exigia muito tempo. Como era comum naquele tempo viajar-se em grupos, alguns pedreiros de Lugano se dirigiam à Suíça em busca de melhores salários. Entre estes estava Antônio, um jovem que depois de evangelizado por uma senhora, ganhara desta uma Bíblia de luxo, encadernada a couro. Embora a recebesse, não se interessou em lê-la, pois não queria saber nada do cristianismo. Já em seu posto de trabalho em Glarus, Antônio, enquanto ajudava na construção de um edifício, zombava e praguejava com os colegas de tudo que fosse sagrado. De repente, ao rebocar uma parede, deparou com um vão que devia ser preenchido com um tijolo. Subitamente lembrou-se da Bíblia em sua bagagem e disse aos colegas: ― Camaradas, ocorre-me uma boa brincadeira. Vou colocar esta Bíblia neste vão. Em virtude do tamanho, a Bíblia foi espremida, danificando a encadernação. ― Vejam ― disse Antônio ― agora reboco à frente e quero ver se o diabo consegue tirá-la daqui! Semanas mais tarde ele voltou à sua pátria. No dia 10 de maio de 1851, irrompeu em Glarus um grande incêndio que destruiu 490 edifícios. Embora a cidade toda estivesse em ruínas, decidiu-se reconstruí-la. Um pedreiro perito do norte da Itália, de nome João, foi incumbido de examinar uma residência ainda nova, porém parcialmente destruída. Batendo com seu martelo em diversos pontos de uma parede intacta, a certa altura deslocou-se uma parte do reboco e surgiu um livro embutido na parede. Bastante admirado ele o puxou. Era uma Bíblia... Como teria ido parar ali? Era-lhe inexplicável, especialmente porque já possuíra uma, mas tinham-na tomado. "Esta eles não me tomarão", cogitou. João tornou-se um leitor da Bíblia em toda as suas horas livres. Embora entendesse apenas algumas partes dos Evangelhos e dos Salmos, aprendeu e compreendeu que era um pecador. Descobriu também que Deus o amava e que poderia obter o perdão dos seus pecados pela fé no Senhor Jesus. Quando, no outono, regressou à sua pátria e à sua família, anunciou por toda a parte a sua salvação em Cristo. Munido de uma mala de bíblias, João aproveitava suas horas livres para divulgar o evangelho. Assim, chegou ele à região onde residia Antônio e armou sua estante de bíblias numa feira. Quando Antônio, perambulando pela feira, parou diante da estante de João, disse: ― Ora, bíblias! Disso não preciso. Basta-me ir a Glarus, pois lá tenho uma bem escondida na parede. Gostaria de saber se o diabo consegue tirá-la dali. João fitou o homem seriamente e disse: ― Tome cuidado, jovem! Zombar é fácil. O que você diria se eu lhe mostrasse a tal Bíblia? ― Você não me enganaria ― replicou Antônio. ― Reconhecê-la-ia imediatamente, pois ela está marcada. ― E asseverou: ― Nem o diabo consegue tirá-la da parede! João buscou a Bíblia e perguntou: ― Amigo, reconhece esta marca? Ao ver a Bíblia danificada, Antônio calou-se, perplexo. ― Você está vendo? No entanto não foi o diabo quem a retirou da parede, mas Deus, para que você pudesse reconhecer que ele vive. Ele quer salvá-lo também. Nesse instante, embora com sua consciência o acusando, Antônio extravasou todo o ódio acumulado contra Deus. Chamou os amigos: ― Ei, colegas! O que este sujeito, com sua estante religiosa, procura aqui? Em poucos segundos a estante de João estava arrasada e ele mesmo violentamente agredido. Os agressores rapidamente desapareceram entre o povo. Desde então Antônio revoltava-se cada vez mais contra Deus. Certo dia, depois de beber em demasia, caiu do andaime a dezessete metros de altura e foi hospitalizado em estado grave. João, ao saber do acidente, foi visitá-lo no hospital. Embora impressionado com a atitude de João, o coração de Antônio continuava empedernido. João o visitou cada semana. Decorrido algum tempo, o acidentado começou a ler a Bíblia, inicialmente como passatempo, e mais tarde com interesse. Certa ocasião leu em Hebreus 12:5: "Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor". Ora, isso se ajustava bem a seu caso. Antônio prosseguiu a leitura, e a Palavra de Deus, capaz de esmiuçar a penha, passou a operar em sua vida. Reconheceu sua culpa e confessou-a a Deus. Creu verdadeiramente na obra de Cristo consumada na cruz. Sua alma convalescera, porém seu quadril, paralisado, o incapacitava para a sua antiga profissão. Encontrou um serviço condizente com suas aptidões, e, mais tarde, casou-se com a filha de João, agora seu sogro, amigo e pai na fé. Antônio já está, há muito, na pátria celestial, mas a Bíblia por ele emparedada permanece como uma valiosa herança de seus descendentes.